quarta-feira, 29 de junho de 2011

Os sinos de Nagasaki


Paulo Nagai era médico, especialista em pesquisas radiológicas na Universidade de Medicina de Nagasaki, e nessa atividade já se havia contaminado pela radiação nuclear, quando a bomba atômica foi detonada sobre a cidade em 9 de Agosto de 1945.

Juntamente com os demais sobreviventes do hospital universitário, organizou o atendimento inicial às vítimas da cidade e das regiões próximas, durante os primeiros dias após a catástrofe, até que um serviço regular pudesse ser estabelecido.

A maior parte da cidade, formada por casas na tradicional arquitetura de madeira, bambu, papel, desapareceu em segundos, ou talvez numa fração de segundo.

Nagai perdeu a esposa, e permaneceu vivendo em Nagasaki, como milhares de sobreviventes, em barracos improvisados. Ali criou os filhos, preso à cama pela rápida progressão da leucemia, de que já sofria antes. Faleceu seis anos após a explosão, em 1 de Maio de 1951.

O livro recompõe o momento da explosão a partir dos relatos de sobreviventes, os efeitos imediatos, os trabalhos de socorro às vítimas, algumas observações sobre sintomas e remédios nos dias que se seguiram.

Parte significativa do livro é dedicada ainda à filosofia. Convertido ao catolicismo depois de adulto, Nagai traça um quadro rápido de sua formação e dos motivos que o levaram à religião.

O título refere-se à torre da igreja católica, uma das poucas construções de alvenaria. Aparentemente, o vento deslocou o trajeto da bomba em sua direção.
  • Livraria Editora Flamboyant, São Paulo, SP, 2a. Ed., 1959, 202 páginas. Pode ser encontrado em inúmeros sebos virtuais.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Governo pressiona Vale? Então vejam os argentinos…

O Valor Econômico publica hoje matéria sobre os apuros em que se vê metida a Vale, acusada pelo governo da Província (Estado) de Mendoza de não cumprir os acordos de fazer compras locais para um projeto de mineração. A empresa tem cinco dias úteis para apresentarum novo plano de investimentos para o projeto Potássio Rio Colorado, caso contrário, poderá perder a concessão da mina, localizada no município de Malargüe e comprada à mineradora Rio Tinto em 2009.

As obras civis, diz o jornal , “foram suspensas na sexta-feira, após autoridades provinciais terem detectado vários descumprimentos do acordo feito para a liberação do projeto”. A Vale planeja investir US$ 4,5 bilhões para produzir até 4,3 milhões de toneladas por ano de cloreto de potássio, insumo usado na fabricação de fertilizantes.

O subsecretário de Hidrocarbonetos de Mendoza, Walter Vásquez, diz que a empresa desrespeitou a especificação e os prazos de cada investimento em curso, além de violar o acordo conhecido como “Compre Mendocino”. Esse acerto previa a contratação local de 75% da mão de obra, além de “prioridade” a fornecedores de produtos e serviços da região. “Se a empresa não entende esse conceito, não nos interessa que desenvolva suas operações aqui.”

Ou seja, na Argentina eles não fazem negócio com quem compra tudo na China,

Tijolaço | 20 Jun. 2011, 09:13

http://www.tijolaco.com/governo-pressiona-vale-entao-vejam-os-argentinos/

Brasil investirá R$ 1,7 trilhão em máquinas até 2014, aponta IBGE

Os investimentos da indústria e da infraestrutura no Brasil devem consumir R$ 1,76 trilhão em máquinas e equipamentos nos próximos quatro anos. É o que mostra um estudo da área de pesquisa econômica do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes), que será publicado nos próximos dias. A cifra representa 56,2% do total de inversões projetadas pelo banco para o período entre 2011 e 2014: R$ 3,34 trilhões.

No trabalho, os economistas do Bndes Fernando Puga e Gilberto Borça Júnior demonstram que, apesar de ser uma das menores do mundo, a taxa de investimento brasileira produz um efeito maior e mais rápido no crescimento. Diferentemente da maioria dos países, a maior parte das inversões no Brasil se dá em bens de capital, e não no componente da taxa relativa à construção, uma característica que, para o Bndes, está se aprofundando.

Eles chegaram a essa conclusão ao investigar a composição da formação bruta de capital fixo no Brasil, historicamente baixa em relação ao PIB e considerada o principal obstáculo para o crescimento mais robusto da economia sem pressões inflacionárias.

Em uma comparação internacional a partir de dados do Banco Mundial, de 2005, a taxa de investimento brasileira, de 16,3% do PIB, figurava em último lugar entre outros 20 países. A China já liderava, investindo robustos 41,5% do PIB, seguida por nações como Espanha (29,4%), Índia (28,5%) e Japão (23,1%). No entanto, analisando apenas o componente relativo a máquinas e equipamentos, o Brasil alcançava 7,9% do PIB, superando países como Reino Unido (5,8%), Espanha (7,2%), França (5,8%), EUA (5,8%) e até a média mundial (7,6%).

O Brasil ainda perdia nesse quesito para países asiáticos como China (11,5%), Índia (13,1%) e Coreia do Sul (9,1%), mas a distância fica bem menor do que na comparação da taxa agregada. Para os economistas, isso mostra que não há uma defasagem muito grande entre o padrão de investimento na produção e modernização das empresas brasileiras e o das de outros países.

“A taxa de investimento agregada do Brasil está na lanterna e isso dá uma percepção de que o nosso parque industrial estaria muito defasado, obsoleto por causa do baixo investimento. No entanto, quando olhamos apenas para máquinas e equipamentos, estamos investindo até acima da média mundial”, diz Puga.

Borça Júnior explica que a predominância do componente de bens de capital, que tem relação direta com a capacidade de gerar mais oferta de produtos para equilibrar a pressão do consumo, confere à taxa de investimento brasileira maior produtividade em relação ao crescimento da economia.

“Essa composição é mais benéfica. Conseguimos um crescimento maior com um esforço de investimento menor”, diz o economista. “Concordamos que o Brasil precisa de uma taxa de investimento maior, mas vimos que a defasagem brasileira em relação ao mundo está na parte de construção, pelas décadas recentes sem desenvolvimento do crédito habitacional e problemas fiscais que inibiram investimentos em infraestrutura.”

Essa característica, admitem os autores, revela um desafio ainda presente de acelerar a construção de residências e de grandes equipamentos de infraestrutura, que têm impacto indireto na produção e promovem bem-estar. No entanto, eles destacam que a expansão recente do crédito imobiliário e das obras públicas indica avanço no segmento de construção, mas sem tirar a liderança dos bens de capital, já que os investimentos estimados pelo Bndes até 2014 concentram-se em setores intensivos em maquinário.

O de petróleo e gás, por exemplo, consome aproximadamente 94% dos seus investimentos em máquinas e equipamentos. Apenas 1% é destinado à construção e 5% para outros itens. Isso significa, segundo o Bndes, que o setor deverá demandar sozinho R$ 355,7 bilhões em máquinas e equipamentos até 2014.

A indústria como um todo deve consumir R$ 832,1 bilhões em bens de capital até 2014, com destaque para a extrativa mineral (R$ 67,2 bilhões), siderurgia (R$ 28,4 bilhões), veículos (R$ 25,6 bilhões) e celulose (R$ 21,4 bilhões). Já a construção na indústria demandará bem menos: R$ 180,2 bilhões.

Mesmo nos investimentos de infraestrutura, como portos, telecomunicações, ferrovias e geração de energia elétrica, o consumo de bens de capital é maior do que o de construção, respondendo por 70% dos R$ 400 bilhões em investimentos planejados até 2014.

Subsídio do PSI não pago pode ultrapassar R$ 8 bilhões em 2012

O Tesouro Nacional aparentemente ainda não fez nenhum pagamento para cobrir os subsídios do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes), iniciado em 2009. Assim, uma despesa primária, correspondente a recursos que o Tesouro deve repassar para o Bndes, pode estar sendo acumulada e jogada para a frente. Se nenhum pagamento for feito ao longo deste ano, a conta pode ultrapassar R$ 8 bilhões, em 2012.

O PSI, que pode subsidiar um volume de empréstimos de até R$ 208 bilhões, foi criado em 2009, para combater os efeitos da crise global, e é voltado principalmente para a aquisição de máquinas e equipamentos. Como tem juros mais baixos do que as linhas convencionais do Bndes, o programa conta com um subsídio explícito do Tesouro. O problema, porém, como detectou o economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é que a rubrica dos gastos federais - Equalização de Taxas de Juros nas Operações de Financiamento Destinadas a Aquisição e Produção de Bens de Capital e a Inovação Tecnológica -, voltada ao subsídio do PSI, indica que nenhum pagamento foi feito em 2010 nem em 2011.

Quanto maior a demora, maior é o esqueleto, diz Ipea

A falta de pagamento dos subsídios do PSI não levaria a prejuízos o Bndes ou os bancos privados repassadores de recursos da instituição. O motivo é simples. Os contratos não obrigam que esses subsídios sejam pagos todos os meses pelo Tesouro Nacional. Os pagamentos podem ser feitos periodicamente e o próprio Bndes, que tem sobra de recursos das transferências do Tesouro nos últimos três anos, pode arcar com esses pagamentos dos subsídios aos bancos privados e, posteriormente, ser ressarcido pelo Tesouro Nacional. O problema com essa estratégia, como alerta o economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é que o pagamento desses subsídios aparentemente não vem sendo contabilizados como deveriam, ou seja, como despesa primária.

Assim, em algum momento futuro, o Tesouro terá de passar a contabilizar essas despesas no seu gasto, aumentando o gasto primário e reduzindo o superávit primário. “Quanto mais o Tesouro demorar para efetuar esses pagamentos, maior será o esqueleto fiscal”, diz o economista, que acredita que se deixará para 2012 e para os anos subsequentes.

Notícia da edição impressa de 20/06/2011

Jornal do Comércio | 19/06 22h50

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=65412&codp=21&codni=3

terça-feira, 14 de junho de 2011

Sexto trabalhador rural é assassinado no Pará

Foi assassinado no Acampamento Esperança, município de Pacajá, Pará, o trabalhador rural Obede Loyla Souza, 31 anos, casado, pai de três filhos, todos menores, na quinta-feira (9/6), por volta do meio dia,.

Os indícios são de que Obede foi executado com um tiro de espingarda dentro do ouvido, a 500 metros de sua casa.

Seu corpo foi encontrado somente no sábado, dia 11, por volta das 14h, e levado para a cidade de Tucuruí, onde foi registrado o Boletim de Ocorrência Policial.

Após seu corpo ter sido liberado para o sepultamento, já no cemitério, a Força Nacional chegou à região, suspendeu o enterro e levou o corpo para Belém para perícia.

Na madrugada desta terça-feira, o corpo chegou de volta a Tucuruí, para sepultamento.

Ainda não se sabe exatamente o motivo que provocou o assassinato da vítima. Sabe-se somente que pelo mês de janeiro ou fevereiro, Obede teria discutido com alguém que representa na região o interesse de grandes madeireiros.

Obede questionou o fato de estarem extraindo madeira de forma ilegal, principalmente castanheira, que é proibido por lei, e por estarem deixando as estradas de acesso ao Acampamento Esperança e aos Assentamentos da região, intrafegáveis nesse período de chuvas.

No dia do assassinato, pessoas viram uma camionete de cor preta com quatro homens entrando no acampamento. Os vidros da camionete estavam abaixados. Quando perceberam que estavam sendo avistados, imediatamente suspenderam os vidros. A pessoa que os viu está assustada, pois acha que pode estar correndo perigo.

Na mesma época que Obede discutiu com essas pessoas ligadas a representantes dos grandes madeireiros da região, Francisco Evaristo, presidente do Projeto de Assentamento Barrageira e tesoureiro da Casa Familiar Rural de Tucuruí, também discutiu com eles pelo mesmo motivo.

Francisco afirma que há alguns dias um homem alto, moreno, com o corpo tatuado e em uma moto estava à sua procura no Assentamento Barrageira e que, por duas vezes, já foi avistado nas proximidades de sua residência, porém em nenhuma das vezes ele lá estava.

Francisco, assim como a pessoa que avistou os quatro homens na camionete no dia da execução do Obede, correm perigo de morte.

Da Comissão Pastoral da Terra | 14 de junho de 2011

http://www.mst.org.br/node/11975

Mais um trabalhador rural é assassinado no Norte do país

Brasília – Menos de um mês depois de quatro ativistas ambientais serem mortos no Norte do país, o trabalhador rural Obede Loyla Souza, de 31 anos, casado e pai de três filhos, foi assassinado no Pará, no último dia 9. A Comissão Pastoral da Terra (CPT), ligada à Igreja Católica, informou que ele foi morto com um tiro no ouvido e que o corpo foi encontrado na cidade de Tucuruí – considerada uma das principais áreas de exploração ilegal de madeira da região, principalmente da castanheira.

De acordo com a CPT, não há informações sobre as razões que levaram à morte de Obede. Mas testemunhas contaram que, entre janeiro e fevereiro, o agricultor discutiu com representantes de madeireiros na região.

Informações obtidas pela comissão apontam que, no dia do assassinato de Obede, uma caminhonete de cor preta com quatro pessoas entrou no Acampamento Esperança - onde morava o agricultor. O presidente do Projeto de Assentamento Barrageira e tesoureiro da Casa Familiar Rural de Tucuruí, Francisco Evaristo, disse que viu a caminhonete e considerou o fato estranho. Como Obede, ele também é ameaçado de morte.

No fim de maio, quatro ambientalistas foram assassinados – três no Pará e um em Rondônia. A lista de pessoas ameaçadas, segundo a CPT, contabiliza mil nomes. O documento já foi entregue às autoridades brasileiras e também estrangeiras.

A presidenta Dilma Rousseff convocou uma reunião de emergência, no último dia 3, para discutir o assunto em Brasília. Ela ouviu os governadores do Pará, Simão Jatene, do Amazonas, Aziz Elias, e de Rondônia, Confúcio Moura. Também estavam presentes na reunião seis ministros – Nelson Jobim (Defesa), José Eduardo Dutra (Justiça), Maria do Rosário (Secretaria de Defesa dos Direitos Humanos), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário).

Ao final da reunião, a presidenta determinou o envio de homens da Força Nacional de Segurança ao Pará. Os homens chegaram ao estado no último dia 7 e devem permanecer no local por tempo indeterminado, segundo as autoridades brasileiras.

Renata Giraldi, Repórter da Agência Brasil | Edição: Lílian Beraldo | 14/06/2011 - 12h09

http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-06-14/mais-um-trabalhador-rural-e-assassinado-no-norte-do-pais

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Investimentos no setor sucroalcooleiro são criticados por movimentos sociais

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi homenageado pelo setor sucroenergético brasileiro durante o 2º Prêmio Top Etanol, realizado nesta semana em São Paulo. Os empresários e produtores da indústria da cana-de-açúcar decidiram pela homenagem em função dos esforços de Lula no desenvolvimento deste setor durante seu governo.

Na mesma semana, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, divulgou que o Banco pretende emprestar R$ 35 bilhões a empresas do setor sucroalcooleiro nos próximos quatro anos. Os recursos fazem parte de um plano de investimentos em usinas de açúcar e álcool, e para a renovação das plantações de cana do país.

Para o integrante da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Jaime Amorim, o investimento na produção da monocultura da cana é um retrocesso para o Brasil.
“Não vale a pena um país correr o risco de destruir a natureza, substituir a produção de alimentos por cana pra produzir etanol, quando existem outras alternativas, até, com certeza, muito menos poluentes do que a forma como é produzida a cana-de-açúcar no Brasil”.

Amorim também alerta que aproximadamente 30% das usinas no país já foram compradas por empresas internacionais, que também adquirem terras para a produção da cana.

“Agora além da concentração da terra, temos também a internacionalização das terras e das usinas. Isso é a perda da soberania nacional em todo esse processo”.

De São Paulo, da Radioagência NP, Vivian Fernandes. 09/06/11

http://www.radioagencianp.com.br/9845-investimentos-no-setor-sucroalcooleiro-sao-criticados-por-movimentos-sociais

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Quem não queria aço era a Vale ou era o Agnelli?

O  diretor de Marketing, Vendas e Estratégia da Vale, José Carlos Martins (foto), está na direção da empresa desde 2004.  Portanto, em seis dos dez anos que Roger Agnelli passou no comando da empresa, dizendo que era mau negócio investir na produção de aço e que o correto era cavar cada vez mais minério, para exportar.

É, portanto, uma pessoa insuspeita para falar do assunto.

E o que ele diz hoje à Agência Reuters?  Leia e acredite se quiser:

“Acredito que a demanda de aço no Brasil está crescendo forte, e que se os investimentos não forem feitos, vai haver a necessidade de importar mais aço”, disse Martins, da Vale.

Embora a mineradora tenha grandes projetos siderúrgicos, Martins afirmou que o setor de aço não tem feito “os investimentos no porte necessário”.

Ao comentar a perda de mercado interno nas vendas de minério, à medida que as siderúrgicas brasileiras também investem em produção própria de minério, Martins declarou:

“”A Vale tem que considerar perda de market share no Brasil. Para participar desse mercado, você tem que produzir aço”"

Ué, então não era a diretoria da Vale que achava péssimo investir em siderurgia, mas só o Agnelli? E ele não ouvia os outros diretores da empresa?

Brizola Neto | Tijolaço | 3 Jun. 2011

http://www.tijolaco.com/quem-nao-queria-aco-era-a-vale-ou-era-o-agnelli/

Vale prevê perda de fatia em vendas de minério no país

SÃO PAULO (Reuters) - A Vale projeta que em 2015 terá menos da metade da participação nas vendas de minério de ferro do Brasil que tinha em 2004, afirmou nesta quinta-feira o diretor de Marketing, Vendas e Estratégia da mineradora, José Carlos Martins.

A projeção leva em conta o fato de que cada vez mais as siderúrgicas nacionais vêm investindo em produção própria de minério, levando a Vale a perder market share das vendas locais da commodity.

Martins disse que em 2004 a Vale tinha cerca de 70 por cento das vendas de minério de ferro no mercado brasileiro, e hoje tem menos de 50 por cento. Em 2015 terá, segundo ele, 30 por cento.

"A Vale tem que considerar perda de market share no Brasil. Para participar desse mercado, você tem que produzir aço", afirmou ele em apresentação no Congresso Brasileiro do Aço.

O executivo indicou também que os projetos siderúrgicos da Vale, por outro lado, permitirão que a empresa estanque essa perda de market share. Em 2018, as vendas adicionais de minério de ferro e pelotas da Vale para seus projetos siderúrgicos somarão 30 milhões de toneladas ao ano.

"Em algum momento, você tem que fazer apostas para criar mercado (de aço) no Brasil. O país já pagou caro no passado porque o mercado não apareceu. E é natural, agora, que o setor seja precavido para evitar uma situação como aquela."

A Vale tem participação na siderúrgica CSA, no Rio de Janeiro, onde a capacidade de produção é de 5 milhões de toneladas de placas de aço ao ano.

A mineradora tem outros projetos para começar a produzir aço nos próximos anos, entre eles o da CSU, em Anchieta (ES), ainda em desenvolvimento, que pode entrar em operação em 2015, com capacidade anual de 5 milhões de placas de aço.

Questionado sobre parcerias no Espírito Santo, Martins afirmou a jornalistas, após a palestra, que a empresa está aberta a discutir com eventuais parceiros.

Já sobre o projeto da CSP em Pecém (CE), com estimativa de início a partir de 2015, Martins disse que o Conselho da Vale deverá aprová-lo em breve. A CSP terá capacidade para produzir, na primeira fase, 3 milhões de toneladas de placas de aço.

Também em processo de implantação está a Alpa, em Marabá (PA), com entrada em operação esperada para 2014 e capacidade de 2,5 milhões de toneladas de aço.

MAIS IMPORTAÇÕES?

Entre aço e produtos de aço, o Brasil teve importações recordes em 2010, de 10 milhões de toneladas, o equivalente à produção de duas unidades da Usiminas, de Cubatão (SP) e Ipatinga (MG), afirmou o presidente da siderúrgica Wilson Brumer, durante o evento.

Isso aconteceu, segundo Brumer, devido à competitividade do aço importado frente ao brasileiro por uma série de razões.

"Defendemos isonomia competitiva, temos que acabar com a guerra fiscal, queremos ações de investigação de dumping mais aceleradas", disse Brumer, durante a sua palestra.

Tais questões deveriam ser resolvidas, afirmaram palestrantes no evento, para que o setor siderúrgico do Brasil possa, com produção própria e mais investimentos, atender a crescente demanda interna.

"Acredito que a demanda de aço no Brasil está crescendo forte, e que se os investimentos não forem feitos, vai haver a necessidade de importar mais aço", disse Martins, da Vale.

Embora a mineradora tenha grandes projetos siderúrgicos, Martins afirmou que o setor de aço não tem feito "os investimentos no porte necessário".

Isso talvez se explique, de acordo com o presidente da Usiminas, porque investir no Brasil é "caro", e o custo é quase quatro vezes maior do que o existente para a construção de uma siderúrgica na China.

POTENCIAL DA INDÚSTRIA

Por outro lado, considerando um cenário apresentado pelo diretor da Vale de aumento de competitividade do aço nacional e de substituição de importações e ampliação de exportações, o Brasil poderia mais que dobrar a sua produção até 2012, para 90 milhões de toneladas.

O mercado interno absorveria mais da metade desse volume, ou 54 milhões de toneladas, previu ele, observando o crescente consumo interno nacional. Atualmente, o mercado doméstico fica com 27 milhões de toneladas.

De acordo com o Instituto Aço Brasil (IABr), a produção brasileira de aço bruto deve atingir 39,4 milhões de toneladas neste ano, alta de 19,8 por cento sobre 2010. A capacidade instalada das usinas siderúrgicas é de 47,4 milhões de toneladas anuais.

Por Roberto Samora e Alberto Alerigi Jr. | Reuters | quinta-feira, 2 de junho de 2011 19:48 BRT

http://br.reuters.com/article/topNews/idBRSPE7510SW20110602?pageNumber=3&virtualBrandChannel=0&sp=true


Multi investe US$ 1 bi no aço que Agnelli achava “fria”

A Agência Reuters divulga agora à  noite que a ArcelorMittal Brasil pretende  instalar um laminador de 1 bilhão de dólares em sua usina siderúrgica de Tubarão (ES), para transformar as placas de aço excendentes da exportação e lâminas de aço destinados ao mercado interno brasileiro.

Bem, os dirigentes da multi devem ser loucos,se a gente considerar a avaliação do “gênio”  Roger Agnelli, que dizia  não fazer”tanto sentido investir em aço.”

E a reportagem da reuters ainda vai além:

“Além de voltar Tubarão para o mercado interno, a ArcelorMittal Brasil está ampliando a capacidade da usina em São Francisco do Sul (SC) de olho no aquecido mercado automotivo(…) a companhia conclui até o final deste ano contratos para a construção de uma terceira linha de galvanização que ampliará a capacidade de aços planos da usina de 1,35 milhão para 2 milhões de toneladas por ano, em investimento de 300 milhões de dólares. A nova capacidade deve começar a operar entre o final de 2013 e início de 2014".

Brizola Neto | Tijolaço | 2 Jun. 2011

http://www.tijolaco.com/multi-investe-us-1-bi-no-aco-que-agnelli-achava-fria/


ArcelorMittal Brasil quer novo laminador de US$1 bi

Com isso, o alto-forno 1, de 3 milhões de toneladas, vai parar a partir de abril de 2012 para passar pela primeira reforma geral desde que começou a operar em 1983. "Normalmente os alto-fornos têm campanha de 10, 15 anos, mas esse vamos parar com 29 anos de operação, um recorde mundial."

Segundo Baptista, antes da reforma de 90 dias começar em 1o de abril de 2012, o alto-forno 1 de Tubarão terá que reduzir o ritmo para ser esvaziado sem comprometer a instalação e "isso significa que vamos ter que começar a fazer uma redução na produção do forno lá para outubro, chegando a zero no final de março".

Enquanto o forno 1 é desligado e reformado, o alto-forno 2, com capacidade para cerca de 1 milhão de toneladas por ano, será religado depois de ficar inerte desde 2008, após a crise financeira internacional que derrubou a demanda mundial, disse o executivo.

Segundo ele, não há garantias de que após a reforma do alto-forno 1 a usina continuará operando a unidade 2.

"Ele (alto-forno 2) está em 'standby', decidimos não ligar ainda porque toda a produção de placa é voltada para exportação. Ele usa ainda pelotas, que é muito mais caro que minério de ferro. Fazendo a conta, não justifica, não tem mercado internacional que dê preço para se ter rentabilidade."

BRASIL ESTÁ CARO

O executivo comentou que apesar de 25 por cento da produção da companhia no Brasil ser destinada à exportação, o mercado interno mostra vantagens sobre o externo.

"O Brasil está caro, nos últimos 5 anos ficamos 80 por cento mais caros em dólar. Com essa situação é óbvio que a competitividade que o país tinha na exportação de aço foi muito afetada e, portanto, o foco das siderúrgicas é atender o crescimento da demanda doméstica."

Além de voltar Tubarão para o mercado interno, a ArcelorMittal Brasil está ampliando a capacidade da usina em São Francisco do Sul (SC) de olho no aquecido mercado automotivo.

Baptista disse a companhia conclui até o final deste ano contratos para a construção de uma terceira linha de galvanização que ampliará a capacidade de aços planos da usina de 1,35 milhão para 2 milhões de toneladas por ano, em investimento de 300 milhões de dólares. A nova capacidade deve começar a operar entre o final de 2013 e início de 2014, disse o executivo.

Reuters | quarta-feira, 1 de junho de 2011 18:57 BRT

http://br.reuters.com/article/businessNews/idBRSPE7500Q720110601?pageNumber=2&virtualBrandChannel=0

Sobre o "caso Vale"